Entenda o que é esta reunião do Papa com os bispos e porque ela é tão importante para a caminhada da Igreja.

A palavra “sínodo” é formada pela junção de duas palavras gregas: “syn”, que significa “juntos”, e “hodos”, que significa “estrada ou caminho”. Logo, o Sínodo dos Bispos pode ser definido como uma reunião de bispos provenientes do mundo inteiro, a pedido do Papa, para juntos discutirem algum assunto relevante na caminhada da Igreja.

Desse modo, o Sínodo não é uma espécie de parlamento católico e as discussões que nele se realizam não tem por objetivo, necessariamente, alterar pontos da doutrina da Igreja. Como orientou o próprio Papa Francisco, o Sínodo é um lugar para refletir, dialogar, escutar com humildade e falar com coragem, a fim de discernir adequadamente os caminhos indicados pelo Espírito Santo, que é o ator principal do Sínodo.

Sínodo é caminhar juntos, inspirados e guiados pelo Espírito Santo. O Espírito Santo é o ator principal no Sínodo

O Sínodo dos Bispos se reúne em três tipos de assembleias: as ordinárias, as extraordinárias e as especiais. Nas Assembleias Ordinárias, que acontecem a cada 4 (quatro) anos, são discutidos assuntos gerais que interessam a toda a Igreja. Nas Assembleias Extraordinárias, convocadas pelo Papa, são discutidos assuntos específicos e urgentes. Por fim, nas Assembleias Especiais são tratados temas que interessam especificamente a uma ou mais regiões determinadas.

Em 15 de outubro de 2017, o Papa Francisco convocou uma Assembleia Sinodal Especial para a Pan-Amazônia, indicando como finalidade principal “encontrar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, sobretudo dos indígenas, muitas vezes esquecidos e sem a perspectiva de um futuro sereno, também por causa da crise da floresta Amazônica, pulmão de importância fundamental para o nosso planeta”.

Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica (6 a 27/10 de 2019)

Logo do Sínodo para a Região Pan-Amazônica, cuja base é uma folha, referência à biodiversidade presente na região.

O Sínodo Amazônico é uma proposta da Igreja, que dialoga com os problemas sociais, econômicas e ecológicos que atingem o povo de Deus situado nesta região, com o objetivo de superar obstáculos e definir linhas pastorais de atuação que sejam adequadas aos tempos atuais.

O problema essencial é como reconciliar o direito ao desenvolvimento, inclusive o social e cultural, com a tutela das caraterísticas próprias dos indígenas e dos seus territórios

Nove países compartilham a Pan-Amazônia: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa. Esta região concentra mais de um terço das florestas primárias do mundo eé uma das maiores reservas de biodiversidade do planeta, abrigando 20% da água doce não congelada.

Além disso, o Papa tem demonstrado a sua especial preocupação com os povos indígenas da Região Pan-Amazônica: “Provavelmente, nunca os povos originários amazônicos estiveram tão ameaçados em seus territórios como o estão agora. A Amazônia é uma terra disputada em várias frentes”, afirmou o Papa Francisco.

A Justiça social e os direitos destes povos são uma indicação prioritária de Francisco, que reiterou: “O problema essencial é como reconciliar o direito ao desenvolvimento, inclusive o social e cultural, com a tutela das caraterísticas próprias dos indígenas e dos seus territórios”. (III Fórum dos Povos Indígenas, 15 de fevereiro de 2017)

Desse modo, embora a temática da reunião sinodal atual se refira a uma região específica, a Pan-amazônia, as reflexões propostas irão além do território geográfico, pois abrangem toda a Igreja e dizem respeito ao futuro do planeta.  Conforme indicado no Documento Preparatório do Sínodo Pan-Amazônico, “a Assembleia Especial para a Pan-amazônia é chamada a encontrar novos caminhos para fazer crescer o rosto amazônico da Igreja e também para responder às situações de injustiça da região”.

A ordem dos trabalhos no Sínodo

Além dos bispos, farão parte do Sínodo da Amazônia lideranças católicas, como padres e leigos, cientistas, representantes de povos indígenas e ambientalistas.

Fase Preparatória

De início, o Papa convoca o Sínodo e define quais serão os temas a serem debatidos. Com o tema definido, redige-se um Documento Preparatório, conhecido como lineamenta, o qual é enviado aos bispos e que apresenta as linhas principais da reunião. Os bispos respondem a este primeiro documento através de informações enviadas para a Secretaria Geral do Sínodo. A partir das informações recolhidas é redigido o Instrumentum laboris, um documento que é ponto de referência durante a fase celebrativa do Sínodo, que acontece no Vaticano.

Fase Celebrativa

Reunidos os participantes, as trabalhos se realizam na Sala do Sínodo, no Vaticano, em sessões chamadas congregações gerais. Estas reuniões se organizam basicamente em três fases:

1ª-  Durante a primeira fase, cada bispo/membro apresenta aos outros a situação que encontra no seu lugar de origem. Esta rica troca de experiências de fé e de culturas sobre o tema do Sínodo contribui a fazer emergir uma primeira imagem da situação da Igreja, que deverá, no entanto, ser aprofundada e aperfeiçoada.

2ª –    À luz destas apresentações, o Relator Geral do Sínodo redige uma série de questões que deverão ser debatidas durante a segunda fase, quando todos os membros do Sínodo se dividem em grupos – Círculos Menores – segundo as diferentes línguas. Os relatórios de cada grupo são lidos em assembleia plenária. Nesta ocasião, os participantes podem pedir esclarecimentos sobre os temas expostos e fazer seus comentários.

3ª –   Na terceira fase, os Círculos dedicam-se a formar sugestões e observações de forma precisa e definida, de modo tal que nos últimos dias a assembleia possa proceder ao voto de propostas concretas. Uma lista final das propostas formuladas nos Círculos é apresentada em sessão plenária e submetida à votação dos Padres Sinodais.

Fase de Atuação

Ao final de uma Assembleia Geral do Sínodo, o Secretário Geral redige o relatório conclusivo dos trabalhos e o submete ao Santo Padre. É comum que, após alguns meses, o Papa se manifeste sobre o resultado dos trabalhos do Sínodo através de uma Exortação Apostólica Pós-Sinodal, a fim de que aquelas conclusões do Sínodo que forem aprovadas pelo Santo Padre sejam são acolhidas e observadas em toda a Igreja.