Nos últimos dias fomos bombardeados por um volume intenso de informações, às vezes contraditórias, sobre este momento difícil que o mundo atravessa. Talvez nem tenhamos percebido, mas o tempo da Quaresma está chegando ao fim, colocando-nos às portas do Tríduo Pascal que se aproxima. Nestes momentos finais, a Igreja nos recorda a lição mais fundamental para todo o cristão, a verdade que mantém a nossa esperança inabalável mesmo nas tempestades mais violentas: Jesus veio ao mundo e, por amor a nós, deu-nos a vida!

A promessa de vida permeia toda a história da salvação. Tirada do livro de Ezequiel, a primeira leitura torna presente este compromisso de Deus com a humanidade, pois é Ele quem diz: “vou abrir as vossas sepulturas… porei em vós o meu espírito, para que vivais” (Ez 37, 12-14). Deus é o autor da vida e deseja comunicar-nos este dom. Em todos os tempos, Ele se lança a procura do homem e o convida à reconciliação e à paz, ainda que esta convite muitas vezes não seja acolhido pela dureza do nosso coração.

A certeza da presença de Deus e da sua bondade infinita, alcançada através da fé, faz brotar naquele que n’Ele crê uma esperança que não vacila. Como canta o salmista, ainda quando se encontra nas profundezas do abismo, quem confia no Senhor sabe esperar com serenidade: “no Senhor ponho a minha esperança, espero em sua palavra” (Sl 129). Esta confiança em Deus e na sua fidelidade jamais engana!

Como grande sinal de que a esperança em Deus nunca é em vão, o Evangelho deste domingo nos apresenta a narrativa da ressurreição de Lázaro. Trata-se de um dos mais belos e profundos trechos da Sagrada Escritura, repleto de personagens e frases marcantes. Nele vemos, de um lado, toda humanidade de Jesus, que chora diante da morte de um amigo (Jo 11, 35). De outro lado, resplandece a sua divindade, quando Ele, de forma onipotente, sobrepõe sua força à força da morte e ordena: “Lázaro, vem para fora!” (Jo 11, 43). Em meio a essa densa trama, quase passa despercebida a extraordinária profissão de fé de Marta: “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo” (Jo 11, 27).

Assim como Marta, nós cremos que Jesus é o Filho de Deus! Assim como Marta, nós cremos que Ele é capaz de vencer a morte! Agora, é possível que em nossos corações a fé tenha esmorecido e a esperança esteja abatida. Mas a Palavra de Deus nos conclama a olharmos para todas as situações em que aparentemente há morte e enxergarmos a vida que Cristo é capaz de fazer ali brotar. Jamais nos esqueçamos: nós celebramos a vida conquistada na cruz e que ninguém é capaz de nos tirar.

Virgem Santíssima, Saúde do Povo de Deus, rogai por nós!