Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor – “Hosana” e “Crucifica-o”

1637

Iniciando a Semana Santa, tempo central de todo o ano litúrgico e no qual somos chamados a mergulhar profundamente nos mistérios da paixão, morte e ressurreição de Cristo, somos recepcionados por uma contraposição: de um lado, a alegria da entrada de Jesus em Jerusalém, de outro, o sofrimento contido na narração de sua paixão.

O meio que Jesus escolheu para entrar em Jerusalém é sinal do tipo de reino que Ele veio anunciar. “Trouxeram então o jumentinho a Jesus, colocaram sobre ele seus mantos, e Jesus montou” (Mc 11, 7). É montado em um jumentinho que o rei da glória se apresenta a Israel, seu povo. Esperado por todos os profetas, sua chegada à cidade santa frustra as expectativas dos soberbos e enche de esperança os corações humildes.

A humilde de Jesus e sua completa obediência ao Pai são resumidas pelo apóstolo Paulo em dois verbos: esvaziar-se e humilhar-se. “Ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens […], humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2, 7-8). A liturgia de hoje sabiamente nos lembra que não foi através de glórias e milagres que Jesus nos deu a vida eterna, mas por meio de sua dolorosa paixão redentora, permitindo que de seu lado aberto pudesse jorrar um manancial inesgotável de misericórdia e salvação.

O refrão do salmo deste dia nos insere no cerne do sofrimento de Cristo na cruz: “Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?” (Mc 14, 34).  O grito de Jesus na cruz não é um murmúrio ou uma reclamação. Trata-se de uma oração, retirada do início do Salmo 21 (22), que Jesus certamente conhecia bem. Neste belíssimo hino dos salmos,  o justo perseguido, apesar dos sofrimentos e ultrajes, deposita toda a sua confiança em Deus e testemunha que Deus “o ouviu, quando ele suplicava” (Sl 21, 25).

Que esta Semana Santa seja um momento privilegiado de encontro com Jesus, que passa pela cruz para alcançar a ressurreição. O Espírito Santo nos ilumine e oriente com a sua graça, abrindo os nossos olhos e ouvidos aos mistérios que estamos celebrando. Confiantes em Deus, cremos que nestes dias teremos a grande oportunidade de morrer em Cristo para nossa vida velha e com Ele ressuscitar para uma vida nova de santidade. Sejamos assíduos nas celebrações desta semana e participemos da liturgia com todo nosso fervor.

Virgem Santíssima, Mãe do Perpétuo Socorro, rogai por nós!